Guia para projetar Carrinhos Manuais – Parte 3
Nos últimos dois textos, contamos um pouco sobre o processo de produção de carrinhos manuais. Em resumo, o desenvolvimento de qualquer carrinho exige a avaliação de uma série de questões referentes ao uso da peça. Entre eles estão carga máxima suportada, distâncias percorridas e utilização do carrinho em ambientes extremos ou superfícies inclinadas.
A análise de todos esses fatores tem como fim responder uma pergunta central para o funcionamento adequado do carrinho e o conforto de seus operadores: “a força requerida para mover, girar e parar o carrinho está dentro da capacidade de força de pelo menos 75% dos funcionários?”.
Garantir o caráter ergonômico do carrinho é um ponto-chave desse processo, pois, como já vimos, todo objeto dessa natureza deve ser compreendido como um sistema carrinho-operador. Assim, possibilitar que o maior número de colaboradores da empresa seja capaz de mover o carrinho dentro das suas especificações traz grandes benefícios, inclusive econômicos.
Lesões musculoesqueléticas, as mais provocadas por excesso de força empregada nas atividades, são responsáveis por um terço dos gastos com acidentes de trabalho. Nesse sentido, investir em carrinhos de alta qualidade e que estejam adaptados ao uso dos funcionários pode representar uma economia relevante para as empresas. Alguns cálculos estimam uma queda de 460 dólares de gastos anuais por funcionário.
E como responder a nossa pergunta? Para fazer isso, devemos tomar como base fórmulas desenvolvidas pela seguradora Liberty Mutual e pela Universidade de Ohio, nos Estados Unidos. Com esses padrões, é possível determinar a capacidade de força a ser empregada para mover o carrinho.
Por exemplo, a tabela da Universidade de Ohio estipula que, para empurrar com uma mão um carrinho com cabo com altura de 1 metro, há um limite de força de 22 kg para que 75% da população seja capaz de operar o objeto em linha reta. São dados como esse que são utilizados para definir, a partir das necessidades do cliente, como o carrinho deve ser construído para aumentar o número de colaboradores aptos a mover a peça.
No entanto, não é apenas essa força que deve ser levada em conta. Existe o que chamamos de estresse acumulativo. O operador exerce várias forças enquanto usa o carrinho: carrega o material, descarrega o carrinho, inicia a movimentação do carrinho, mantém o carrinho em movimento, gira o carrinho, para o carrinho e muito mais.
Para que o carrinho seja seguro e eficiente, todas as forças devem ser consideradas, bem como as limitações dos operadores de exercer o conjunto de forças. A capacidade de exercer de forma segura uma dessas forças não garante a segurança. A combinação delas que deve ser validada.
Para resolver este problema, podemos elevar a capacidade de cada elemento. Ou seja, diminuir a força necessária para cada elemento para que mais pessoas sejam capazes de realizar a tarefa.
Como vimos ao longo dos três artigos, cada carrinho é único, pensado exclusivamente para se moldar com perfeição ao que cada cliente precisa.