ACIDENTES DE TRABALHO

Apesar de geralmente negligenciados pela mídia e gestores públicos, os acidentes de trabalho são uma das mais graves questões de saúde pública do Brasil. Com base em números referentes ao ano de 2017, o Ministério Público do Trabalho, órgão federal que acompanha as ocorrências em todo o território nacional, classificou o país como o quarto do mundo em acidentes de trabalho. Ao todo, de acordo com o MPT, foram registrados em um ano 675.025 casos e 2.351 mortes por acidentes.

Isso representa um acidente a cada 48 minutos e um óbito a cada 3h30 no país. Números alarmantes que destroem famílias e possuem impactos importantes sobre toda a sociedade. Conforme o mesmo estudo, a Previdência Social teve gasto extra de cerca de R1 27 bilhões com novos auxílios-doença, pensões por invalidez ou morte, entre outros benefícios. Além disso, o Ministério Público calcula que os acidentes tenham feito trabalhadores perderem o equivalente a 321 milhões de dias de trabalho desde 2012, um duro golpe sobre a produtividade das empresas do país e que, por consequência, reduz sua competitividade em relação à concorrência internacional.

O MPT também estima que nove em cada dez casos de acidentes de trabalho são preveníveis, ou seja, cerca de 600 mil acidentes e 2.100 mortes por ano podem ser evitadas apenas com a introdução de boas práticas de segurança no trabalho. Em linhas gerais, é possível estabelecer três tipos de ações que podem ser introduzidas pelas companhias: conscientização e treinamento, avaliação e monitoramento de riscos e uso de equipamentos e acessórios de segurança.

Quanto ao primeiro item, o mais importante é garantir que qualquer pessoa que frequente a empresa – seja funcionário, fornecedor ou visitante – tenha acesso a informações básicas de segurança e prevenção de acidentes. No caso dos colaboradores, o trabalho deve ser aprofundado, com treinamentos específicos antes do início de qualquer atividade e entendimento sobre a necessidade de reportar de imediato todo tipo de risco aos gestores.

Por sua vez, a avaliação e monitoramento de tais riscos deve ser realizada por profissionais encarregados especialmente desta função. Esta equipe deve elaborar procedimentos de operação de aparelhos e máquinas, instalar barreiras em áreas que apresentem potencial de acidentes e fiscalizar o uso de equipamentos de proteção individual, os conhecidos EPIs, por parte de funcionários e outros indivíduos que estejam no ambiente de trabalho.

Por último, mas não menos importante, estão os equipamentos e acessórios de segurança. Capacetes, luvas, óculos e protetores auriculares são apenas a parte mais visível e conhecida deste que é um dos pilares da segurança no trabalho. Contudo, há uma série de pequenos acessórios e dispositivos que, se usados adequadamente, são capazes de prevenir milhares de acidentes todos os anos. Como exemplo, podemos citar freios automáticos e manuais de mesas, macas e outros objetos, sistemas de desligamento automático de máquinas, protetores que impeçam o contato direto de trabalhadores com partes perigosas de máquinas, entre tantos outros.

Lançar mão de todas essas medidas é crucial, mas o passo mais importante que as empresas devem dar é criar uma cultura de segurança no local de trabalho para que cada ação de cada colaborador seja feita no ambiente mais seguro possível, evitando queda de produtividade, graves lesões e trágicas perdas.